Por Renato Ornelas
O que aprendi ao fazer plantões na OpenX e como isso pode destravar a sua operação.
Olá!
Sou o Renato Ornelas, fundador da OpenX. Nas últimas semanas, entrei no rodízio de plantões para validar, na prática, como nosso atendimento funciona fora do horário comercial. A experiência rendeu bons ajustes e um alerta importante: existe uma linha tênue entre “viver a operação” e virar o apagador de incêndio oficial da empresa.
Quero compartilhar o que aprendemos. Serve para qualquer provedor que quer crescer sem perder qualidade.
1) Métricas antes de opiniões
Tínhamos um embate interno: manter técnicos 24×7 presencialmente ou operar com sobreaviso? Fomos aos números:
- Depois das 18h: volume baixo
- Depois das 20h: baixíssimo
- A partir das 22h: praticamente inexistente
Conclusão: faz sentido ter alguém 24×7 para receber o chamado, não necessariamente uma equipe inteira olhando telas a noite toda. Reformulamos horários e instituímos sobreaviso estruturado.
2) Chão de fábrica, de propósito
Entrei no plantão por dois motivos:
- Validar o modelo: carga real, necessidade de reforço, gargalos.
- Ajustar processos e ferramentas: nada melhor que sentir o fluxo como o cliente sente.
Resultado: criamos dashboards novos, revisamos procedimentos e descobrimos melhorias simples que geram impacto imediato.
3) A passagem de bastão é onde muita operação tropeça
Percebemos um ruído clássico: quando o atendimento migra da equipe presencial para o plantonista, quem assume precisa reler o histórico todo do grupo para entender o contexto.
A solução veio em forma de entrega de bastão objetiva. Um resumo curto, antes da virada:
Template de Passagem de Bastão
- Cliente / Grupo
- Contexto resumido (2–3 linhas)
- O que já foi feito
- Próximo passo esperado / janela
- Riscos e plano de rollback
- Ponto de contato se escalar
Esse pequeno ritual economiza tempo, reduz retrabalho e acalma o cliente.
4) Manutenção crítica: comunicação é metade do trabalho
Fizemos uma janela crítica em um equipamento de 64 portas de 100G. Tínhamos três cenários possíveis (do indolor ao muito complexo). O que aconteceu: o cenário intermediário exigiu ajustes e um cliente sentiu o impacto.
Diferença na experiência: comunicação contínua ao cliente, passo a passo do que estava sendo feito e o que faltava. Mesmo com percalços, o cliente terminou tranquilo e agradecido.
Aprendizado reforçado: manter o cliente informado reduz ansiedade e ruído.
5) Pós-morte sem caça às bruxas
Quando algo acontece, sentamos para entender o que e como melhorar. Não serve para apontar culpados. Se você transforma a análise em julgamento, a equipe se fecha, não aprende e os incidentes se repetem.
6) Use o WhatsApp a seu favor, com canal oficial
Todo atendimento técnico acontece nos grupos oficiais de WhatsApp. Se alguém me chama no privado sobre o tema que deveria estar no grupo, levo para lá.
Motivo: transparência, rastreabilidade e velocidade. O cliente aprende o caminho certo e a equipe ganha autonomia.
Sinais de que você virou “bombeiro”, não gestor
Se reconheceu 2 ou mais, é hora de agir.
- Seu celular virou fila de aprovações.
- O time evita decidir mesmo com processos claros.
- Alertas pulam N1/N2 e chegam direto em você.
- Clientes te acionam fora do canal oficial.
- Atividades críticas só você sabe fazer (ativação, filtros, mudanças).
Como voltar ao papel de gestor (sem perder o pulso da operação)
- Defina e proteja o canal oficial (ex.: grupos de WhatsApp por cliente).
- Padronize a passagem de bastão (use o template acima).
- Estabeleça critérios de risco e janelas (o que vai para madrugada e por quê).
- Crie política de escalonamento (quem decide o quê em cada nível).
- Faça pós-morte leve e objetiva (ações, donos e prazos, sem culpa).
- Vá ao “chão de fábrica” periodicamente (a cada 2–3 meses): valide ferramentas, encontre gargalos reais e ajuste processos.
- Torne conhecimento distribuído (runbooks, checklists, gravações curtas).
Para levar para o seu provedor hoje
- Métricas > achismos para dimensionar o suporte fora do horário.
- Sobreaviso bem desenhado é diferente de abandono noturno.
- Handoff objetivo derruba retrabalho e latência.
- Comunicação contínua durante janelas reduz atrito mesmo quando o plano A falha.
- Se a operação depende de você, os processos estão errados.
No fim, estratégia não é um PPT: é garantir que a operação roda redonda, com atendimento de excelência e agilidade todos os dias.