Escalar um problema não é fraqueza, é profissionalismo

Por Renato Ornelas,

Como ganhar velocidade (e aprendizado) na resolução de problemas?

Você já passou horas perseguindo um defeito até descobrir, pelo fabricante, que era um bug recém-identificado ou “conhecido”, mas que você acabou encontrando do jeito mais doloroso? A lição central deste tema é simples: escalar cedo economiza tempo, reduz impacto no cliente e acelera o aprendizado do time.

Por que escalar mais cedo?

Em operações de rede, o objetivo número um é reduzir indisponibilidade e impacto. Investigar por conta própria é importante para evoluir tecnicamente, mas há alguém do outro lado sendo afetado agora. Escalar quando alguém pode ajudar não desmerece sua capacidade é agir com foco no serviço e no cliente.

Há empresas que adotam como prática: abrir o chamado no fabricante assim que o incidente começa, enquanto o time interno segue investigando. Se a equipe resolve, o chamado é fechado. Se for bug, o processo já está adiantado.

Softwares evoluem rápido e, às vezes, falham. Ter contratos de suporte ativos (com Juniper, Huawei etc.) é essencial para obter correções, ferramentas de diagnóstico e priorização.

Caso real: duas frentes, uma solução

Em um incidente na rede da OpenX, o time identificou um comportamento estranho e escalou imediatamente internamente e para o fabricante. Atuamos em duas frentes:

  • Fabricante: forneceu ferramentas para inspecionar o tráfego anômalo.

  • Time OpenX: criou filtros para bloquear os pacotes maliciosos.
    O desfecho foi a soma das duas expertises e o restabelecimento rápido do serviço.

4 sinais de que está na hora de escalar
  1. Você esgotou os procedimentos que conhece e não teve sucesso.

  2. O problema está fora da sua especialidade (ex.: OLT/GPON, se não é seu domínio).

  3. O incidente está crescendo e você não consegue estimar a resolução.

  4. O cliente está impaciente ou severamente impactado (sem serviço, por exemplo).

Como escalar do jeito certo (checklist)

Leve contexto e evidências para quem vai assumir:

  • Logs e saídas de comandos relevantes.

  • Procedimentos já executados (o que tentou e o resultado).

  • Sintomas e impactos observados (quem, quando, onde).

  • Hipóteses testadas e próximos passos sugeridos.

Isso evita retrabalho, acelera o diagnóstico e eleva seu próprio repertório técnico. E, por favor: acompanhe o caso após escalar. Não é “passar a bomba”; é colaborar e aprender.

Cultura que favorece a velocidade

Na OpenX, normalizamos o escalonamento interno e com parceiros. Quando algo foge do usual, envolvemos rapidamente especialistas e o fabricante. Escalar não é demérito; é maturidade operacional. O foco total é resolver o problema no menor tempo possível.

Para levar com você
  • Escalar cedo reduz o impacto e acelera a recuperação.

  • Suporte ativo com fabricantes não é luxo; é requisito de confiabilidade.

  • Cheque os 4 sinais sempre que um incidente travar.

  • Escale com um dossiê: fatos, evidências e passos já dados.

  • Acompanhe e aprenda: cada incidente deve aumentar suas “ferramentas mentais”.

Na próxima vez que um problema cabeludo aparecer, não desperdice tempo precioso. Escale cedo, atue em conjunto e feche o ciclo com aprendizado. É assim que operações de alta performance vivem e evoluem.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *